17 de novembro de 2014

Veja os projetos da Petrobras citados pelos delatores como alvo de corrupção:


Compra de sondas de perfuração
Júlio Camargo afirmou em depoimento do MPF que, em 2005, atuou como agente de uma empresa sul-coreana para oferecer à Petrobras sondas de perfuração que seriam usadas na África e no Golfo do México. Para fechar o negócio, ele aceitou pagar propina de US$ 15 milhões (correspondentes a R$ 39 milhões) ao lobista Fernando Baiano. Ele disse que procurou Baiano porque sabia de seu "bom relacionamento" com a área internacional da Petrobras, à época comandada por Nestor Cerveró. Camargo ressaltou que, até então, nunca tinha feito qualquer negociação com o lobista. De acordo com o executivo, antes que a negociação comercial fosse concluída, Fernando Baiano o procurou para combinar o valor da propina. Ele contou que o dinheiro do suborno saiu dos US$ 20 milhões que ele recebeu de comissão de comissão para intermediar o negócio. O valor foi pago por meio de uma conta bancária que ele mantinha no Uruguai e, posteriormente, foi transferido para “inúmeras” contas no exterior indicadas por Soares. Dois meses depois, destacou Camargo, Fernando Baiano o procurou para tratar do fornecimento da segunda sonda, que seria usada no Golfo do México. Desta vez, observou o delator, o lobista cobrou US$ 25 milhões (correspondentes a R$ 65 milhões) para viabilizar a operação. No total, ele diz ter pago US$ 40 milhões ao lobista. 

Revap 
Aos procuradores, Júlio Camargo disse ter pago R$ 6 milhões em propina à Diretoria de Serviços da Petrobras para que o consórcio que ele representava, integrado pelas construtoras Camargo Corrêa e OAS, executassem as obras de uma das unidades da Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos, no interior paulista. O contrato firmado entre a Petrobras com as empreiteiras, em 2007, somou R$ 1 bilhão. O delator contou que a Camargo Corrêa pagou R$ 23,3 milhões a uma de suas empresas, a Treviso, para ele intermediar o negócio. Com o dinheiro da comissão de sua empresa, disse Camargo, ele repassou a propina cobrada por Renato Duque e Pedro Barusco. A maior parte do suborno, detalhou, foi paga no exterior em contas indicadas pelos dirigentes da petroleira. O restante, disse o empresário, foi paga em reais no Brasil. No depoimento, Camargo afirmou ao MPF que o vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite – um dos 23 presos pela nova etapa da Lava Jato –, participou do contrato e controlava o pagamento das propinas aos funcionários da estatal. 

Cabiúnas 2
Júlio Camargo também revelou que houve pagamento de propina de R$ 3 milhões para o consórcio TSGás executar o gasoduto Cabiúnas 2. A consórcio era integrado pela Toyo JP e pela SOG, em 2007. De acordo com ele, houve dispensa de licitação para contratar as empresas, sob a justificativa de que havia urgência na produção de gás. O delator disse que coube a ele, no papel de "consultor", viabilizar a contratação do consórcio por parte da Petrobras. Para formalizar a intermediação, o consórcio TSGás contratou outra de suas empresas, a Treviso Empreendimentos. Segundo o empresário, os dirigentes da Toyo JP e da SOG não sabiam que ele iria pagar propina a Renato Duque e Pedro Barusco. Parte do suborno, segundo Camargo, foi paga no exterior e o restante no Brasil. 

Repar 
Júlio Camargo e Augusto Ribeiro também revelaram que, em 2009, houve pagamento de aproximadamente R$ 20 milhões em propina ao diretor de Serviços da Petrobras durante a obra de construção de uma unidade da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no município de Araucária, no Paraná. O empreendimento foi executado pelo consórcio Interpar, formado pelas empresas SOG, Mendes Júnior e MPE Engenharia. Inicialmente, havia sido acertada uma propina de R$ 12 milhões. Mais tarde, contudo, elevou-se o valor do suborno em mais R$ 8 milhões por conta da assinatura de um aditivo à obra. O consórcio que realizou o empreendimento contratou uma das empresas de Júlio Camargo, a Auguri Empreendimentos, para oficializar o pagamento da comissão correspondente à intermediação do negócio. Camargo admitiu que ele pagou no exterior a propina a Duque e Barusco, com parte do dinheiro que recebeu para intermediar a operação. 

Repar (anexo 2) 
Em outra obra dentro do complexo da Repar, em 2009, houve, mais uma vez, pagamento de propina a Duque, revelou Júlio Camargo. Desta vez, o consórcio CCPR-Repar (Camargo Corrêa e Promon Engenharia) pagou R$ 12 milhões ao então diretor de Serviços. 

Urucu-Manaus 
Em depoimento, Júlio Camargo afirmou ainda que intermediou o pagamento de R$ 2 milhões em propina a Renato Duque e Pedro Barusco, pelo contrato firmado pela Camargo Corrêa para executar trecho da obra do gasoduto Urucu-Manaus, controlado pela Petrobras. Segundo ele, o contrato assinado somava R$ 427 milhões. A propina, disse o delator, saiu dos R$ 15 milhões que sua empresa, a Piemonte, recebeu, em 2010, de comissão por prestar consultoria à Camargo Correia.

Comperj 
Em 2012, de acordo com Júlio Camargo, ele intermediou a contratação do consórcio TUC (Toyo JP, UTC Engenharia e Odebrecht) pela Petrobras para a construção de uma unidade de hidrogênio do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Para autorizarem a contratação, informou o delator, Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Pedro Barusco cobraram propina. O empresário disse que não sabe quanto foi pago de suborno porque a operação teria sido gerenciada pelo presidente da UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa, e pelo executivo da Odebrecht Márcio Farias. 
Fonte: G1

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